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A Revolução Francesa

          No final do século XVIII, a sociedade francesa ainda vivia sob o Antigo Regime, monarquia absolutista com privilégios, terras e poder para a nobreza e clero. Assim, observava-se a distinção da população do país, a maior da Europa, na época, em 3 grupos: o Primeiro, Segundo e Terceiro Estado. Por isso, pode-se afirmar que tal sociedade era estamental. O Primeiro Estado compreendia o clero e tinha cerca de 280 mil componentes. O Segundo Estado era composto pela nobreza, a família e corte do rei Luís XVI, além de nobres que viviam no campo. Juntos, esses grupos formavam, aproximadamente, 3% do total da população francesa. O Terceiro Estado, com quase 27 milhões de integrantes, era composto por pessoas de diferentes condições econômicas, camponeses, trabalhadores urbanos (sans-culottes) e burgueses; todos esses, entretanto, tinham o mesmo poder político e pagavam os mesmos impostos aos outros estados.
          A França pré-revolucionária, descrita no parágrafo anterior, passava por uma grande crise econômica e política gerada pelo excesso de gastos e a baixa produtividade agrícola. Por isso, as diferenças entre os 2 primeiros estados e o terceiro só aumentaram, já que quem pagava o preço das contas cada vez maiores do governo era o Terceiro Estado (através dos impostos). Passando fome e insatisfeitos, os membros de tal grupo decidiram reagir de alguma maneira.
          A oportunidade para isso surgiu em 1789 com a convocação dos Estados Gerais, uma assembleia com membros dos três estados, para tentar resolver a situação francesa. Geralmente, em tal encontro, cada Estado tinha um voto e, assim, clero e nobreza sempre superavam o resto da população. Entretanto,  na ocasião, os membros do Terceiro Estado propuseram a votação por cabeça, o que garantiria seu triunfo. O rei recusou tal sugestão e, irritados, os deputados do grupo mais humilde juntaram-se autoproclamaram a Assembleia Constituinte que deveria elaborar uma constituição e acabar com a monarquia absolutista.
          Ouvindo notícias da repreensão aos representantes do Terceiro Estado no encontro dos Estados Gerais, camponeses e trabalhadores se rebelaram também e invadiram a Batilha, prisão símbolo do absolutismo. Esse evento ficou marcado como o começo da Revolução Francesa. Além disso, em outras partes da França, homens e mulheres invadiram castelos, queimaram documentos de impostos e praticaram atividades consideradas exclusivas dos primeiros estados, como a caça. Assim, com apoio e pressão popular, a assembleia aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (documento que dava aos homens direito de liberdade, segurança e propriedade, mas não incluía as mulheres, que se mostravam rebeldes e guerreiras como eles), uma nova Constituição e aboliu os direitos feudais e privilégios, acabando com o absolutismo no país. Agora o rei não tinha mais o poder de legislar e julgar. Entretanto, outros privilégios foram criados, como o voto censitário, que favorecia a alta burguesia.
           Mesmo com tantos avanços, faltava um toque final: o rei precisava assinar a nova Constituição. Porém, sempre evitava fazê-lo e até tentou derrotar os revolucionários com a ajuda de exércitos aliados de outros países. Essa ideia fracassou e ele foi preso. Assim, foi necessária a criação de uma nova constituição, que dessa vez proclamou a República.
           A chegada da República propiciou o surgimento de novos blocos políticos na França, todos reunidos na Convenção Nacional, tipo de assembleia de deputados. Os principais grupos eram os Jacobinos e os Girondinos, respectivamente menos ou mais conservadores e responsáveis pela formação dos atuais grupos de Esquerda e Direita.
          Os Jacobinos foram os primeiros a subir ao poder, começando pela execução do antigo rei. O período jacobino foi marcado pelo avanço das políticas públicas, com a distribuição de terras, redução de preço dos alimentos, permissão do voto a todos/as e incentivo ao ensino. Entretanto, o grupo acabou implantando o período do terror, em que atuavam o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, condenando qualquer suspeito de traição à República e ideias anti-revolucionárias à morte. Assim, o ideal de liberdade da revolução estava sendo traído pelos próprios revolucionários. Nesse período, foi adotada a guilhotina, que seria um meio mais democrático de executar os condenados. Montadas em praças públicas, suas execuções tornaram-se evento de diversão para a população.
           Percebendo os rumos contraditórios que a revolução começava a seguir, Danton entrou em conflito com seu companheiro jacobino e líder do governo, Robespierre. Até mesmo Danton, um dos Jacobinos, foi então para a guilhotina, e o período do terror prosseguiu.
          Aproveitando a situação de conflitos entre os próprios Jacobinos, os Girondinos aplicaram um golpe e subiram ao poder, favorecendo a alta burguesia e instaurando medidas mais conservadoras. Mais uma Constituição foi proclamada e o poder foi confiado a um Diretório com 5 deputados.
           Vários membros do diretório estavam envolvidos em escândalos de corrupção e o povo estava insatisfeito, querendo um novo governo comandado por um homem forte e energético. Foi nesse cenário que apareceu a figura de Napoleão Bonaparte, general apoiado pelo povo que queria assumir algum papel no governo. Assim, com o golpe de 18 de Brumário, Napoleão subiu ao poder e terminou a revolução que havia durado 10 anos.
           Vale destacar como a Revolução Francesa foi ingrata com as mulheres, que batalharam junto aos homens, mas não receberam direitos. Olympe de Gouges foi uma defensora dos direitos femininos na época, mas acabou morta na guilhotina.
          Esses acontecimentos na França influenciaram muito nossa maneira de pensar hoje em dia, porque para falar em democracia, precisaremos retomar pensamentos de revolucionários da época. A Revolução Francesa é um marco histórico que muito influenciou na formação do mundo atual.
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