Como vimos em um post anterior: A 2º Revolução Industrial, o Imperialismo e os antecedentes da 1º Guerra Mundial, o estopim da 1° Guerra Mundial foi o assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, em Sarajevo (Bósnia), por um nacionalista sérvio. O conflito se espalhou rapidamente, por conta das rivalidades e alianças presentes no contexto europeu da época. Nesse post, trataremos somente dos eventos que ocorreram durante a guerra, e não seus antecedentes. Para ler sobre o período pré-guerra, acesse o link acima.
Vale destacar a utilização, no período que antecedeu a guerra e durante todo o seu curso, das propagandas de guerra, que buscavam, entre outras coisas, justificar o envolvimento dos países no conflito, convencer os homens a se alistarem, arrecadar fundos para as despesas militares e garantir o apoio da população.
Com o início do confronto, as duas principais forças da Tríplice Aliança: Alemanha e Império Austro-Húngaro, se viram cercadas pelos Aliados (Tríplice Entente). Na fronte ocidental, eram ameaçadas por França e Inglaterra, enquanto na fronte oriental encontrava-se o Império Russo. Assim, os alemães elaboraram um plano para ficarem em uma posição melhor. A ideia era a seguinte: como a Rússia tinha um território imenso, suas tropas demorariam para chegar à fronteira alemã. Enquanto as tropas russas não conseguissem se mobilizar, os alemães lançariam uma grande investida pelo fronte ocidental, com o objetivo de tomar Paris o mais rápido possível.
Porém, os alemães sabiam que a fronteira francesa estaria muito protegida contra um ataque e, portanto, decidiram penetrar no território inimigo passando pela Bélgica, pequeno país que havia declarado neutralidade. Entretanto, os belgas fizeram uma grande oposição inesperada, atrasando muito a ofensiva alemã. Finalmente, os soldados da Alemanha conseguiram chegar à França, mas estavam muito atrasados, cansados, feridos e tinham sofrido vária baixas. Além disso, os soldados ingleses chegaram a tempo para reforçar os franceses e os soldados russos já se aproximavam do território alemão. Assim, a ofensiva chegou perto de Paris, mas fracassou e deixou os alemães em uma péssima posição.
Essa parte da Guerra foi chamada de guerra de movimentos, caracterizada pelo avanço de um exército sobre o outro. Nela, além da ofensiva alemã, houve avanços da Áustria-Hungria sobre a Sérvia e da Rússia sobre o Império Alemão.
Apesar das derrotas que sofreu, o exército da Alemanha conseguiu assegurar o território que havia conquistado através da escavação de trincheiras. A ofensiva russa também não foi muito eficaz contra os germânicos. As trincheiras eram buracos (com somente o lado de cima aberto) de aproximadamente 2 metros de profundidade, escavados na terra por longas extensões territoriais. As trincheiras podiam ser revestidas por madeira, pedra ou arame e algumas possuíam degraus e até mesmo canais para a condução de água da chuva. Além de assegurarem a conquista do território, as trincheiras davam aos soldados que estavam nelas cobertura e proteção contra o exército inimigo, caso ele avançasse. Como resposta à escavação de trincheiras alemãs, os aliados também cavaram as suas, dando início à guerra de trincheiras, 2° fase da Primeira Guerra.
As trincheiras não ficaram restritas à fronte ocidental, se espalhando por todas as frontes da guerra. As trincheiras inimigas eram construídas voltadas umas para as outras e, entre elas, havia a "Terra de Ninguém". A guerra de trincheiras foi caracterizada por ser muito estática, com poucos avanços e, consequentemente, poucas conquistas de territórios. Mesmo assim, essa fase da guerra foi muito mortal, por causa das péssimas condições de vida nas trincheiras, bombardeios e gases tóxicos lançados por aviões. Haviam grandes sistemas de trincheiras, com diferentes tipos delas (trincheiras de ataque, apoio, comunicação e reserva). Nesses "buracos", os soldados estavam expostos a doenças, péssimas condições de higiene, ratos (que muitas vezes serviam de alimento), fome e sono. Os corpos dos mortos não podiam ser enterrados, então eram deixados para se decomporem na lama, gerando cheiros terríveis.
Em 1917, com a indefinição do conflito nas trincheiras, a Guerra foi levada ao mar. Com o objetivo de impedir a chegada de suprimentos ao território alemão, barcos dos Aliados cercaram o território inimigo, dificultando muito o abastecimento da Alemanha. Qualquer barco inimigo que se aproximasse era destruído. Como resposta, os alemães colocaram em ação seus submarinos, afundando diversos barcos ingleses e franceses. Assim, começava a guerra submarina, 3° e última fase da 1° Guerra Mundial.
Desde o início do conflito, os EUA se mostraram mais próximos aos Aliados, lhes fornecendo suprimentos. Porém, eles ainda não haviam tomado nenhum lado no conflito em si e não participavam efetivamente da Guerra. Essa situação mudou quando navios comerciantes estadunidense que se aproximavam da costa europeia foram destruídos por submarinos alemães. Pressionado por sua população o governo do país decidiu entrar no conflito, junto aos Aliados.
Em contrapartida, a Rússia decidiu abandonar a Guerra, assinando um tratado de paz com a Tríplice Aliança e cedendo parte de seu território para a Alemanha. A razão para isso foi que o país passava por um processo revolucionário interno e não queria sofrer mais consequências do conflito. No mesmo ano de 1917, o Brasil também teve navios mercantes afundados pela Alemanha e decidiu entrar na Guerra, mas não teve participação significante nela.
Depois de 1917, a 1° Guerra começou a caminhar para o seu desfecho. Os países envolvidos estavam muito desgastados com o conflito e todas as suas consequências. Além disso, a entrada dos EUA havia desequilibrado as forças. Em 1918, a Alemanha tentou sua última ofensiva, falhou e passou a sofrer derrotas sucessivas. Além disso, em seu território eclodiram revoltas populares que destronaram o Kaiser Guilherme II e instauraram uma República. Após a rendição dos Impérios Austro-Húngaro e Otomano, a Alemanha também aceitou o final do conflito, dando um fim à Guerra.
Para que a rendição alemã fosse aceita, o país teve que concordar com uma série de determinações feitas pelos países aliados. Assim, pode-se dizer que a paz foi imposta à Alemanha pelo Tratado de Versalhes (1919), cujas determinações incluíam: A devolução da Alsácia-Lorena para a França; a perda das colônias alemãs; a perda de parte do território alemão; o pagamento de pesadas indenizações aos países vencedores; a entrega da posse e direito de exploração das minas de carvão da bacia do Rio Sarre para a França; a desmilitarização da Alemanha e sua humilhação, visto que a culpa de todos os males causados pela guerra foram atribuídos ao país. O Tratado não foi assinado pelos EUA, que haviam proposto a criação de uma paz mais justa, "sem vencedores", com os 14 pontos de Wilson, o presidente estadunidense da época. Wilson acreditava que a imposição de tantas punições à Alemanha e aos outros países derrotados faria com que surgisse sentimentos revanchista, gerando futuros conflitos, o que, de fato, aconteceu. Porém a proposta dos 14 pontos foi recusada por França e Inglaterra.
Como consequências da Primeira Guerra Mundial, podemos citar uma enorme quantidade de mortes, não só de militares, mas também de muitos civis. Os países europeus envolvidos ficaram completamente destruídos. Além disso, o conflito marca a queda dos Impérios Alemão, Austro-Húngaro, Otomano e Russo e a criação de diversos novos países, como Iugoslávia, Polônia, Letônia, Lituânia, Estônia e Finlândia. Outra consequência da guerra foi a Criação da Liga das Nações, antecedente da ONU, uma organização internacional que buscava manter a paz entre as nações.
Durante o confronto, como quase todos os homens juntaram-se ao exército, coube às mulheres assumir o trabalho nas fábricas, situação que, posteriormente, as levou a lutar por mais direitos e pela possibilidade de trabalhar fora de casa. Outro interessante efeito da Guerra foi a transferência do eixo de poder da Europa para os EUA. Isso aconteceu porque, com o final do conflito, a Europa estava destruída, e endividada, além de ter perdido grande parte de sua população. Já os EUA haviam lucrado muito com empréstimos financeiros e com o comércio de suprimentos durante o confronto. Eles também haviam sido considerados essenciais para a vitória aliada, ganhando prestígio e reconhecimento internacional, sem terem sofrido muitas baixas ou destruição em seu território. Assim pode-se dizer que os estadunidenses adquiriram mais influência do que a Europa com o final da 1° Guerra, tornando-se o centro de poder do mundo.
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