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O Império Brasileiro

          No final de 1822, D. Pedro I foi aclamado por uma multidão como Imperador do Brasil. Com apoio popular, o governante conseguiu derrotar militares portugueses contrários à independência e receber o reconhecimento do seu governo por países como Portugal, EUA e Inglaterra. Porém, ainda era necessária uma Constituição para o novo Império. Para a insatisfação popular, ela foi outorgada e estabelecia uma monarquia hereditária com os poderes legislativo, judiciário, executivo e moderador; sendo esse último exercido somente por D. Pedro I, que estava acima dos outros três poderes. Além disso, a Constituição tinha a religião Católica como oficial e estabelecia o voto censitário, masculino e indireto. Essas foram as primeiras de muitas medidas políticas do Primeiro Reinado que geraram a impopularidade de seu governo.
           No início de seu governo, D. Pedro I também criou órgãos burocráticos e administrativos e formou um exército. Porém, ainda não havia o sentimento de "ser brasileiro" em toda a população, que continuava desunida. Por isso, pode-se dizer que o Imperador conseguiu construir um Estado, mas não uma nação.
            O Primeiro Reinado foi marcado pela instabilidade política e econômica, além da insatisfação da sociedade. D. Pedro I era criticado por suas medidas autoritárias e pelo fato de ainda ser o herdeiro do trono português. Movimentos como a Confederação do Equador, no Nordeste, criticavam esses aspectos do Império e revindicavam uma maior autonomia das províncias. A crise no país, a vacância de um rei para Portugal e a pressão das elites brasileiras fizeram com que D. Pedro I abdicasse ao trono brasileiro e voltasse para Portugal, país que comandaria nos anos seguintes. Assim, o trono foi deixado a seu filho, D. Pedro II, que tinha apenas 5 anos na época.
             Como o novo imperador não tinha idade para governar, o Brasil ficou sob os cuidados de regentes, momento histórico que ficou conhecido como o Período Regencial. Entre 1831 e 1840, o país foi marcado pela instabilidade política e a ausência de autoridade. Aumentou a tensão entre os grupos políticos conservadores, moderados e liberais. Além disso, várias rebeliões ocorreram (Farroupilha, Sabinada, Malês, Balaiada e Cabanagem), sendo que algumas delas conseguiram instaurar seus próprios governos. O período regencial terminou no que foi chamado de Golpe da Maioridade, evento que permitiu a coroação de D. Pedro II como imperador, mesmo ele tendo apenas 14 anos. Começava o Segundo Reinado.
            O Segundo Reinado foi marcado pela conquista gradual da liberdade dos negros e o fim da escravidão. Movida por seus próprios interesses, a Inglaterra pressionava o Brasil a acabar com o escravismo. Nesse contexto, foram aprovadas leis como: Lei Eusébio de Queiroz (ficou conhecida como "Lei pra inglês ver"), que prometia acabar com o tráfico negreiro, mas não o fez; Lei do Ventre Livre, que concedia a liberdade a negros que nasciam depois de sua publicação; e Lei dos Sexagenários, que concedia a liberdade a escravos com mais de 60 anos. Porém, somente em 1888,  foi assinada, pela Princesa Isabel, a Lei Áurea, que abolia a escravidão. Entretanto, não existiram políticas de inclusão dos negros libertos na sociedade e, assim, eles foram abandonados à pobreza e marginalizados.
            Entre 1855 e 1870, ocorreu a Guerra do Paraguai, que pôs a Aliança Tríplice entre Brasil, Uruguai e Argentina contra o Paraguai, que desejava tomar territórios e conquistar um acesso direto ao mar. Antes desse confronto armado, que foi o maior da história da América do Sul, o exército brasileiro era pequeno e pouco competente. Porém, a guerra levou ao recrutamento (às vezes forçado) dos Voluntários da Pátria. Além disso, o contato entre os combatentes de diferentes origens e lugares levou à construção de uma identidade nacional e ao conhecimento das "mazelas" do Brasil por parte de pessoas mais ricas. Assim, o exército saiu fortalecido da guerra e passou a apoiar causas abolicionistas e republicanas.
            Durante o reinado de D. Pedro II, aumentou também a tensão entre liberais e conservadores, ideais republicanos começaram a ser espalhados e o imperador perdeu o apoio de diversos pilares de seu governo: o regime escravista, o exército e a Igreja Católica. Diante disso, ele começou a ser retratado como incompetente para lidar com os problemas de seu país em charges e periódicos. Todos esses fatores contribuíram para que, em 1889, o exército aplicasse, sem participação popular, o golpe que pôs fim ao Império e instaurou a República.
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