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A 2º Revolução Industrial, o Imperialismo e os antecedentes da 1º Guerra Mundial

          Durante a segunda metade do século XIX, países, além da Inglaterra (pioneira industrial), começaram a se industrializar rapidamente. Tal processo verificou-se, principalmente, nos EUA, Japão, França e Alemanha. Chamado de 2º Revolução Industrial, esse período foi caracterizado pela descoberta de novas tecnologias aplicadas à indústria, nos transportes e comunicações, o que impulsionou a grande industrialização. Como principais avanços tecnológicos da época destacam-se:
1- A fabricação do aço, liga metálica melhor e mais resistente e barata do que o ferro.
2- A invenção do dínamo, que possibilitou o uso da energia elétrica, e a transmissão de sua corrente, sucedida pela invenção da lâmpada.
3- O aperfeiçoamento do motor a combustão interna, que permitiu o uso do petróleo e seus derivados como combustível e a invenção do automóvel.
4- A invenção do telégrafo e do telefone, decisivos meios de comunicação.
          Também vale destacar a expansão das ferrovias e o uso de barcos a vapor, que facilitaram o transporte de pessoas e materiais. Todos esses fatores contribuíram para o desenvolvimento do capitalismo e a expansão do processo industrial. Como consequência, a competição entre empresas e países aumentou, fazendo com que o preço dos produtos diminuísse.
          No contexto da 2° Revolução Industrial, a competição entre os países industrializados levou a uma disputa por mercado-consumidor e territórios de onde se poderiam retirar recursos necessários à industrialização. Como resposta a essas necessidades, surgiu o Imperialismo. As potências da época (EUA, Grã-Bretanha, Japão, Alemanha, França e outros) tentavam conquistar colônias e áreas de influência na África, América Latina, Ásia e Oceania, que lhes garantiriam mercados-consumidores e produtores de matéria-prima e recursos valiosos. Além disso, nas suas novas colônias, estes países encontrariam mão-de-obra barata. Assim, grande parte dos continentes mencionados acima foram ocupados (ou indiretamente influenciados) por potências europeias.
          Diante da grande corrida imperialista que começou a acontecer, as maiores potências europeias se reuniram na Conferência de Berlim, série de encontros que definiu regras para a ocupação do território africano pelos países participantes. Não foi convidado nenhum representante de terras africanas. Algumas das principais decisões do evento foram: permitir a livre navegação e comércio nas bacias dos rios Congo e Níger; e a decisão de que, para ter direito de ocupar um território africano, o país colonizador deveria anunciar isto publicamente e enviar ao local uma autoridade representante. Após a conferência, os países europeus dividiram o território africano entre si, impondo fronteiras artificiais e desconsiderando a presença de povos de diferentes etnias nas áreas que definiam. Nos séculos XX e XXI, a descolonização dos territórios da África gerou vários conflitos e guerras civis.
          No contexto imperialista, surgiram, na Europa, teorias racistas, que afirmavam a superioridade da "raça branca". Segundo elas, a raça superior tinha o dever de levar o "conhecimento e a civilização" aos povos inferiores, os quais nunca conseguiriam alcançá-los sozinhos. Tais teorias foram consideradas científicas, mas seus principais objetivos eram justificar o imperialismo europeu.
          Apesar de a Grã-Bretanha ter sido a pioneira na industrialização, a 2° Revolução Industrial fez com que a Alemanha, após se unificar, se tornasse uma grande produtora de minerais, rivalizando com os ingleses. Tal rivalidade deu início a uma grande inimizade entre as duas nações, causadora de conflitos posteriores. A França também tinha a Alemanha como inimiga, pois durante a unificação germânica, os franceses interferiram no processo que acontecia no país vizinho. Como resultado, os franceses acabaram perdendo uma importante parte de seu território, a Alsácia-Lorena, o que gerou grande sentimento revanchista da França.
           A península Balcânica também era palco de grandes rivalidades no início do século XX. A área, que antes compunha o Império Otomano, continha vários pequenos países, nos quais Rússia e Império Austro-Húngaro tinham muito interesse. Enquanto a Áustria-Hungria desejava expandir seu território, a Rússia tinha interesse em influenciar a área, ganhando acesso ao Mar Mediterrâneo, importante via de comércio. Por isso, os russos apoiavam os planos da recém-formada Sérvia (país dos Balcãs) de criar a Grande Sérvia, pais de ideal pan-eslavista, que reuniria todo o povo eslavo. Porém, tais planos foram frustrados pela anexação da Bósnia, país de maioria eslava, pelo Império Austro-Húngaro, aliado da Alemanha.
           Somado a essas grandes rivalidades, o surgimento de movimentos nacionalistas contribuiu para a criação de Alianças entre países "amigos"(na maioria das vezes eram inimigos dos inimigos). A Tríplice Entente colocava lado a lado Inglaterra, França e Rússia, enquanto a Tríplice Aliança continha os Impérios Otomano e Austro-Húngaro e a Alemanha. Ambos grupos tinham um código que afirmava que, se um de seus membros fosse atacado, todos os outros membros tinham o dever de também entrar em guerra contra o país atacante. Todo essa tenção entre potências marca o período chamado de "Paz Armada", na década de 1910. Nele, os países rivais já se atentam para uma possível guerra, preparando seus exércitos e começando corridas armamentistas.
          Foi nesse contexto que, em 1914, um nacionalista sérvio assassinou o herdeiro do trono Austro-Húngaro em Sarajevo, capital da Bósnia. Assim, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia, que foi defendida pela Rússia. A Alemanha também se mobilizou em apoio ao Império Austro-Húngaro. Através do sistema de alianças, envolveram-se também a Inglaterra, França e Império Otomano. Começava a 1° Guerra Mundial.
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