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O Oriente Médio

          O Oriente Médio, um subcontinente asiático, é formado pelos seguintes países: Turquia, Síria, Iraque, Líbano, Israel, Cisjordânia, Palestina, Jordânia, Kuait, Barein, Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos (EAU), Omã, Iêmen, Irã e Afeganistão. A região é considerada extremamente estratégica, pois conecta a Ásia à África e à Europa. Além disso, no Oriente Médio estão localizadas as maiores jazidas de petróleo do mundo, sendo que este recurso é um dos mais cobiçados (senão o mais cobiçado) pelas potências mundiais, visto que é necessário para a produção industrial e usado como combustível. A região tem uma área de 6,8 milhões de quilômetros quadrados, concentrando uma população de, aproximadamente, 350 milhões de pessoas. A maioria dessas pessoas é árabe de religião muçulmana. Israel é uma exceção, tendo população majoritariamente judaica. A cultura persa também exerce influência sobre a região, nos países mais a leste.
          O relevo predominante no Oriente Médio é o de planaltos circundados por montanhas. Pode-se encontrar planícies no litoral e junto aos cursos d'água. Destaca-se a Planície da Mesopotâmia, de grande valor histórico-cultural e terras muito férteis, que encontra-se entre os rios Tigre e Eufrates. O clima da região é majoritariamente semiárido ou desértico, com altas temperaturas durante o dia e baixas durante a noite. Acima do Trópico de Capricórnio, o clima Mediterrâneo também pode ser encontrado e há até mesmo a ocorrência de climas frios em áreas de grande altitude.
         O acesso à água na região é bastante restrito, e o recurso é, muitas vezes, motivo para disputas. O Oriente Médio tem um grande número de países em situação de estresse hídrico e penúria em água. Nos desertos, os raros afloramentos de águas subterrâneas, através da erosão do solo, são chamados de oásis. Todas essas características influenciam muito a distribuição da população dentro dos territórios, gerando sua concentração em áreas de clima mais ameno e onde há acesso à água. Um agravante dessa situação é o crescente uso das águas subterrâneas em culturas irrigadas, de maneira insustentável. Se nenhuma providência for tomada sobre o assunto, os aquíferos se esgotarão e a crise hídrica se tornará pior, gerando ainda mais conflitos. Em países ricos, a alternativa da dessalinização das águas do mar está sendo cada vez mais usada e estudada. Entretanto, esta é uma solução que só atinge as pessoas mais ricas.
          Como já foi dito anteriormente, o Oriente Médio concentra as maiores jazidas de petróleo do mundo, recurso fundamental para a economia mundial. Somente a região do Golfo Pérsico fornece cerca de um terço de todo o petróleo consumido no planeta. A presença desse recurso na área faz com que ela se torne interesse de grandes potências mundiais, como EUA, Reino Unido e França, que, frequentemente, buscam interferir politicamente na área, ganhando poder e influência. Observa-se uma grande atuação militar, principalmente dos EUA na região, com a instalação de bases e o envolvimento das forças militares estadunidenses nos conflitos locais. Os principais consumidores do petróleo do Oriente Médio são o Sudeste Asiático, a Europa e os EUA.
          A OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) inclui diversos países do Oriente Médio. Seus membros são: Arábia Saudita, EAU, Irã, Iraque, Kuait, Venezuela, Argélia, Angola, Guiné Equatorial, Gabão, Líbia, Nigéria e República do Congo (os países-membros estão sujeitos a suspensões e podem sair do grupo, portanto esses dados podem mudar com a passagem do tempo). A criação da OPEP tinha como objetivo fazer oposição ao controle do mercado do petróleo pelas grandes potências, sendo que elas não produzem o petróleo, mas o compram, refinam, comercializam e repassam uma pequena parte de seus lucros aos países produtores do recurso. Ao reunir esses grandes produtores de petróleo, a OPEP conseguiu, de fato, virar o jogo contra as potências, assumindo o controle da sua comercialização e ganhando maiores repasses dos lucros das grandes empresas. Assim, pode-se dizer que essa organização possui enorme influência, controlando as variações do preço e produção do petróleo. Dessa maneira, o Oriente Médio firmou-se mais ainda como o principal exportador desse recurso no mundo.
           Nos grandes produtores de petróleo da região está ocorrendo um processo de diversificação da economia. Temendo o eventual esgotamento de suas jazidas, esses país decidiram investir em novos mercados, especialmente no de turismo de luxo. Dubai e Abu Dabi são as principais cidades onde pode-se observar esse processo, com a construção de enormes edifícios e hotéis de luxo. O surgimento desse novo mercado atraiu trabalhadores e trabalhadoras de diversas regiões da África e Ásia, interessados (as) em atuar, principalmente, no setor da construção civil. Entretanto, sabe-se que essas pessoas estão sendo expostas, muitas vezes, a condições muito ruins de trabalho. Há denúncias, inclusive, de Escravidão Moderna, com trabalho forçado, jornadas excessivas e ameaça de violência, indigência e morte, entre outras coisas.
          Os estreitos de Ormuz e Bab-El-Mandeb, o Mar Vermelho e o Canal de Suez são fundamentais para a exportação do petróleo do Oriente Médio. Barcos que saem do Golfo Pérsico passam por esses pontos estratégicos, que os permitem chegar à Europa e África. O Canal de Suez é, certamente, o mais importante desses pontos, conectando os mares Vermelho e Mediterrâneo. O petróleo também pode chegar às proximidades da Europa por meio de oleodutos e gasodutos, que vão do Golfo Pérsico até países como Síria, Líbano e Israel, banhados pelo Mar Mediterrâneo.
          O Oriente Médio é uma área onde ocorreram e ainda ocorrem diversos conflitos. O confronto entre Israel e Palestina já se alonga há mais de 70 anos. Ele começou quando, após o final da 2° Guerra Mundial, a ONU determinou a criação do Estado de Israel como uma concessão ao povo judeu, depois do que ele sofreu. A criação do Estado Judaico seria acompanhada pela criação da Palestina, porém os palestinos não ficaram satisfeitos com a proposta feita a eles, pois queriam mais e melhores terras. Assim, Israel foi criada, mas a Palestina não. Revoltados, os países de maioria árabe da região (Liga Árabe - organização que defende as demandas palestinas) contestaram a existência do novo Estado, invadindo-o diversas vezes ao longo dos anos; mas sempre foram derrotados, o que fez com que Israel expandisse ainda mais o seu território. Negociações já foram conduzidas, mas o conflito não chegou a um fim. Atentados terroristas continuam a ser realizados por ambos lados, matando milhares de inocentes. Um agravante da situação é a disputa pelo controle de Jerusalém, cidade sagrada para judeus e muçulmanos, além dos cristãos. O plano original da ONU envolvia um controle compartilhado da cidade, mas isso não se concretizou. Mais recentemente, Donald Trump, presidente dos EUA, decidiu transferir a embaixada estadunidense em Israel de Tel Aviv para Jerusalém, demonstrando apoio aos israelenses e desagradando palestinos; o que acirrou ainda mais o conflito.
          No contexto do confronto entre Israel e Palestina, o controle da água na região é muito importante. Pensando nisso, tropas israelenses dominaram as Colinas de Golan, área de nascentes do Rio Jordão, que abastece toda a região. Assim, Israel adquiriu o controle sobre a distribuição do recurso em toda a área, aspecto fundamental nesse embate. Semelhante situação ocorre nos rios Tigre e Eufrates. A Turquia, que controla muitas das nascentes desses rios, anunciou a utilização da água para a produção de energia hidrelétrica e irrigação. Tais projetos foram fortemente rejeitados pelos governos da Síria e do Iraque, pois o curso desses rios seria afetado em seus territórios.
          Em meados dos anos 2000, o enfraquecimento do grupo Al-Qaeda deu origem ao Estado Islâmico (ISIS), grupo terrorista religioso extremista que tem como objetivo a criação de um califado: Estado próprio governado e regido pela lei islâmica. Essa organização pratica atos terroristas no Oriente Médio e em outros lugares da Ásia, África e Europa com a justificativa de promover uma "guerra contra o ocidente" e punição às pessoas que consideram ser infiéis à religião muçulmana. Os ataques do ISIS já destruíram uma enorme quantidade de patrimônios históricos e culturais, além de matarem milhares de inocentes. Recentemente, o grupo tem sido combatido por coalizações internacionais e grandes potências, como os EUA; o que o fez perder grande parte de sua força.
          Os curdos são o maior povo sem território próprio no mundo.  Estimados entre 25 e 30 milhões de pessoas, eles ocupam áreas da Turquia, Síria, Iraque e Irã, reivindicando, de maneira clandestina, a criação de seu Estado, o Curdistão. Entretanto, os países que perderiam território para a criação desse novo Estado não estão dispostos a ceder parte de suas terras por considerarem-nas valiosas e estratégicas para seus governos; o que dificulta a realização do sonho curdo.
          A Primavera Árabe (2015) foi uma série de protestos e manifestações contra governos autoritários de países na África e no Oriente Médio. Em alguns lugares, o movimento teve resultados positivos e, em outros, as manifestações foram duramente reprimidas e as condições de vida não sofreram muitas alterações. Nesse contexto, começou a guerra na Síria, com protestos contra o governo de Bashar Al-Assad, filho e sucessor de Hafez Al-Assad, governante da Síria de 1971 a 2000. A legitimidade da eleição de Assad (filho) é questionável e as manifestações pediam uma democracia mais justa, melhores condições sociais e o direito ao voto direto. O movimento foi duramente reprimido, dando origem ao conflito.
          Além do governo sírio, envolveram-se na guerra civil as forças de oposição ao regime de Assad e diferentes grupos religiosos e culturais que disputam por protagonismo no país. Além disso, o Estado Islâmico viu na guerra uma oportunidade de expandir as suas operações, entrando no conflito. Os curdos também se envolveram, combatendo o ISIS no norte da Síria. A guerra sofre, ainda, intervenções externas, principalmente dos EUA e Rússia. Os estadunidenses financiam forças de oposição ao governo sírio e forneceram armas aos curdos no combate contra o Estado Islâmico. Já a Rússia é aliada do governo de Assad, se opondo aos EUA.
           O conflito já se alonga por 5 anos e a Síria está completamente destruída, com milhares de mortos. O ISIS sofreu várias derrotas e teve sua influência na área muito enfraquecida, mas a guerra continua extremamente mortal. O resultado é um enorme fluxo migratório de fuga do país. Uma grande
quantidade de refugiados busca abrigo e paz em diversos países do mundo. De acordo com a ONU, até abril de 2018, 53% da população síria tinha sido removida de suas localidades originais ou tinha emigrado.
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