O período entre os séculos VI e XIV (aproximadamente) é chamado de Idade Média, ou até mesmo de Idade das Trevas ou Noite de Mil anos. Todos esses nomes têm sentidos pejorativos e é fundamental entender que eles não foram criados por quem viveu naquele tempo, mas por estudiosos do século XVI.
A ideia de que o período de quase 1000 anos foi ruim veio do pensamento de que naquela época havia falta de esclarecimento, ignorância, um período onde o homem parou de progredir e foi marcado por: caos, pouco desenvolvimento cultural, falta de desenvolvimento científico e técnico, mortes, doenças, guerras, fome, domínio da igreja sobre os pensamentos e ações do homem e inibição do raciocínio lógico e da observação e investigação. O nome de "Idade Média"se originou da ideia de que o progresso tinha começado na Antiguidade Clássica e foi interrompido durante aquele tempo, para voltar a acontecer depois que ele acabou.
A partir do século XX, historiadores procuraram ver a Idade Média com os olhos de quem viveu nela, e mostraram que, naquele período, houve desenvolvimento técnico, científico e cultural, principalmente em lugares distantes da Europa. Isso nos permite concluir que esses nomes para o período são extremamente eurocêntricos, isto é, voltado exclusivamente para a Europa. Além disso, foi da Idade Média que herdamos coisas fundamentais, como as universidades, prova da produção e difusão de conhecimento naquela época.
No contexto do crescimento das cidades medievais no final do século XIV, da ascensão da burguesia, da expansão do comércio, da troca de conhecimento com outras culturas e do fortalecimento do poder do rei, surgiu, em cidades do norte italiano, um movimento cultural que daria início ao período de tempo conhecido atualmente como renascimento ou renascença. Esse movimento viria a se expandir futuramente para toda a Europa. Suas principais características eram:
Antropocentrismo: Visão onde o homem estava no centro das atenções como um ser maravilhoso, quase perfeito, dono do seu destino e muito capaz. Ideia contrária ao teocentrismo, onde Deus é o mais importante.
Racionalismo: Valorização da razão humana, da investigação, observação, experimentação, teste, crítica, cálculo e oposição às idias de que tudo representa uma manifestação de Deus.
Individualismo: Valorização do homem como indivíduo, dos talentos individuais, do reconhecimento e da concorrência. Observamos esses valores no fato de os autores só começarem a assinar suas obras no século XV.
Universalismo: Ideia de que o homem ideal deve ter conhecimento de diversas áreas do conhecimento, desde artes até ciências. Essa visão contraria o pensamento de que o homem deve saber muito, mas somente de uma área.
Hedonismo: Valorização dos prazeres materiais e de tudo presente na Terra. Ideia de que devemos aproveitar ao máximo nossa vida, contrariando o pensamento medieval voltado para a vida após a morte no paraíso.
Classicismo: Valorização da cultura greco-romana e uso de obras da Antiguidade como modelo e inspiração para obras renascentistas.
Uma nova visão do tempo: Visão do tempo como pertence do homem e não de Deus, o que levou ao começo dos empréstimos com juros e a produção de relógios mecânicos.
Durante o renascimento, muitas técnicas artísticas surgiram:
Realismo na representação humana: Busca da representação o mais real o possível, que incentivou estudos anatômicos, matemáticos e científicos para maior rigor expressivo e anatômico e volume na imagem.
Perspectiva: Transmissão de ideia tridimensional e de profundidade relacionada a estudos de geometria.
"Sfumato": Do italiano, "à maneira da fumaça, misturado". Técnica que consistia em não pintar traços marcante, proporcionando uma troca sutil de uma cor para a outra.
Autorretrato: Iniciativa relacionada ao individualismo e ao antropocentrismo de pintar a si mesmo.
Mesmo com muitas diferenças em relação à Idade Média, o renascimento não pode ser considerado uma ruptura à esse período, pois muita coisa mudou de um para o outro, mas ainda houveram permanências, como a religiosidade cristã apesar das idéias antropocentristas e racionalistas. Também houve, na corte do Império Carolíngio do século VIII, um grande movimento cultural e intelectual que atraiu muitos. Além disso, não podemos dizer que a Antiguidade Clássica desapareceu durante a Idade Média, pois estava presente, por exemplo, nas ações de monges que traduziram e reproduziram conhecimentos greco-romanos.
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