Pular para o conteúdo principal

Complemento Nominal e Adjunto Adnominal

          Quando classificamos sintaticamente orações, é comum que deparemo-nos com complementos nominais e adjuntos adnominais. Ambas as classes completam o sentido de nomes, mas existem diferenças na forma como as classificamos. Além disso, as duas são precedidas por preposições, o que permite uma identificação mais fácil. Porém, temos que ficar atentos se o termo procurado complementa um verbo em vez de um nome, tornando-o, então, um objeto indireto, como em: "Eu creio em (preposição) Deus (objeto indireto)."
          As diferenças entre as duas classes dos complementos nominais e adjuntos nominais refere-se ao fato de que os complementos completam nomes de origem abstrata. Portanto, coisas que dependem de nós para existirem, como adjetivos, advérbios (características) ou substantivos abstratos (que indicam sentimentos, ações, estados, qualidades ou conceitos) são complementados por complementos nominais. Já os adjuntos adnominais complementam substantivos concretos que existem por si só.

          As frases, abaixo, têm o complemento nominal sublinhado:
"Eu tenho crença (substantivo abstrato) em Deus" (observe que as alterações no exemplo do primeiro parágrafo tornaram o verbo "creio" em um nome, completando o sentido do verbo "ter", fazendo, assim, "em Deus" se tornar um complemento nominal).
"Este remédio é prejudicial (adjetivo) ao organismo."
"O juiz manifestou-se contrariamente (advérbio) ao réu.

           Já nas frases seguintes, aparece o adjunto adnominal sublinhado:
"A casa (substantivo concreto) do senhor foi destruída."
" A conquista (substantivo abstrato) do jogador animou o time." (observe que, mesmo com a presença de um substantivo abstrato, "do jogador" é adjunto adnominal, porque indica o agente da ação, isto é, da conquista, não o alvo dela).

          Assim, podemos verificar as duas classes de palavras na seguinte frase, com complementos sublinhados e adjuntos em negrito:
"O envio (substantivo abstrato) do e-mail (alvo da ação de enviar) ficou restrito (predicativo do sujeito e nome de origem abstrata) ao chefe (substantivo concreto e alvo da ação de restringir) da empresa".

          Além disso, há orações em que predicativos do sujeito e adjuntos adnominais podem se confundir, mas basta uma breve análise do sujeito da frase para que os termos tenham suas funções esclarecidas. Por exemplo, em "O jovem saiu da escola nervoso" e "O jovem nervoso saiu da escola", "nervoso" pode indicar uma característica permanente ou momentânea, estando dentro do sujeito na segunda oração e fora dele na primeira. Portanto, nervoso é primeiro um predicativo do sujeito e, depois, um adjunto adnominal.
          Vimos como a simples classificação dos complementos nominais e adjuntos adnominais pode tornar-se uma questão complexa, envolvendo sintática, semântica e morfologia.
          Então gostou do post? Deixe seu comentário e até a próxima!

Para mais textos relacionados ao assunto: 
http://vaiumaajudinhaduds.blogspot.com/2019/06/aposto-e-vocativo.html
http://vaiumaajudinhaduds.blogspot.com/2019/03/vozes-verbais-e-o-termo-se.html
http://vaiumaajudinhaduds.blogspot.com/2018/10/sujeito-predicado-predicacao-e.html       

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A primeira Guerra Mundial

           Como vimos em um post anterior:  A 2º Revolução Industrial, o Imperialismo e os antecedentes da 1º Guerra Mundial , o estopim da 1° Guerra Mundial foi o assassinato do herdeiro do trono Austro-Húngaro, Francisco Ferdinando, em Sarajevo (Bósnia), por um nacionalista sérvio. O conflito se espalhou rapidamente, por conta das rivalidades e alianças presentes no contexto europeu da época. Nesse post, trataremos somente dos eventos que ocorreram durante a guerra, e não seus antecedentes. Para ler sobre o período pré-guerra, acesse o link acima.           Vale destacar a utilização, no período que antecedeu a guerra e durante todo o seu curso, das propagandas de guerra, que buscavam, entre outras coisas, justificar o envolvimento dos países no conflito, convencer os homens a se alistarem, arrecadar fundos para as despesas militares e garantir o apoio da população.            Com o início ...

A queda do Império romano e o feudalismo

          Por volta do século III, o Império Romano parou de crescer. Os gastos para vigiar as fronteiras começaram a aumentar, o que aumentou os impostos também. As consequências disso foram a diminuição da mão de obra escrava, fome e revoltas populares, as invasões germânicas e grande migração para o campo.            Quando os romanos chegavam no campo, as terras já estavam ocupadas, então os donos de terras ofereciam uma parte de seus lotes para os novatos no campo. Em troca desse espaço para viver os proprietários exigiam uma parte da produção dos inquilinos e ligavam aquelas pessoas à terra, portanto, se aquele lote fosse vendido, eles continuariam produzindo e dando o que produziam. O mesmo acontecia em relação aos herdeiros do proprietário. Esse processo foi chamado de colonato e resolvia o problema de mão de obra do grande proprietário e o de garantir a subsistência do colono.            A pa...

Momentos da narrativa, tipos de narradores, diminutivos e substantivos.

          Qualquer enredo de narrativa é dividida em 4 momentos: Situação inicial: Momento que introduz os personagens, o tempo e o local da história. Não é marcado por nenhum grande acontecimento. Conflito: Momento em que surge algum problema com algum personagem.  Histórias mais longas possuem vários deles. Clímax: Momento de maior tensão da história. Geralmente, ele resolve o conflito da narrativa. Desfecho:  Final da narrativa e onde você conta o que aconteceu com os personagens depois do conflito enfrentado por eles ter sido resolvido.           Um elemento fundamental da narrativa é o narrador. Existem três tipos de narradores: O narrador que só observa e conta os fatos da história, que é o narrador observador; o narrador que observa e comenta os fatos ocorridos; e o narrador que é um personagem da história, chamado de narrador observador.           Ao escrevermos um texto, temos que ...